Paulina Chiziane recebe condecoração do Prêmio Camões

Paulina Chiziane, escritora moçambicana, foi a 33ª vencedora do Prêmio Camões. Com diversas obras publicadas e ganhando a premiação por unanimidade, Paulina será a primeira mulher negra a receber a condecoração.

A autora foi a primeira mulher a publicar um livro em seu país, em 1990, com a obra "Badalada de amor ao vento". Anos mais tardes, publicou "Niketche: uma história de poligamia", seu livro mais famoso. Nele, a protagonista é casada com um homem com diversas parceiras e decide conhecer todas elas.

Entre as características de suas obras, estão o protagonismo da mulher negra, reflexão da condição feminina, fluxo de consciência, crítica de costumes e pluralidade cultural. Apesar de ser intitulada como romancista por muitas pessoas, Paulina não se limita a isso, dizendo que incorpora outros gêneros e que nem sempre segue a estrutura clássica do romance.

O júri do Prêmio Camões, composto por dois brasileiros, dois portugueses e duas pessoas de países africanos cuja língua seja o português, destacou "reconhecimento acadêmico e institucional", a preocupação com "os problemas da mulher moçambicana e africana" e a "construção de pontes entre a literatura e as outras artes" de suas obras.

Paulina se diz chocada ao saber que havia vencido para Globo. "Não contava com isso. Recebi a notícia e disse: `Meu Deus! Eu já não contava com essas coisas bonitas!` É muito bom. Esse prêmio é resultado de muita luta. Não foi fácil começar a publicar sendo mulher e negra. Depois de tantas lutas, quando achei que já estava tudo acabado, vem esse prêmio. O que eu posso dizer? É uma grande alegria."

Chiziane venceu o Prêmio Camões em 2021, mas só agora receberá a condecoração por conta da pandemia. Os vencedores ganham cem mil euros, metade do valor subsidiado pelo Brasil e a outra metade por Portugal.